Cosmos e As irmãs do Sol – um resgate histórico de mulheres cientistas
Universo, estrelas, planetas me interessam desde criança. Entre professora dos ursos de pelúcia e arqueóloga-Indiana-Jones eu quis ser astrofísica (não sabia que era assim que chamava a profissão, na minha cabeça de criança era só “cientista”). Também desejei um telescópio e um quarto com telhado transparente para dormir olhando o céu (eu morava numa casa). Não segui a carreira, virei jornalista, mas o gosto se reflete até hoje e me levou a uma série que adoro: Cosmos.
Além de todas as coisas incríveis que a série – remake de uma dos anos 1980, de Carl Sagan – traz, um episódio em particular me chamou a atenção: As irmãs do sol, que faz um resgate muito importante de um grupo de mulheres responsáveis por grandes descobertas no campo da astronomia. As “Computadores de Harvard“, como ficaram conhecidas, eram cientistas contratadas pelo diretor do Observatório da Universidade de Harvard para processar dados astronômicos.
Foto de 1913: Não bastassem as dificuldades da época (uma das razões apontadas pela opção de contratar mulheres é que elas recebiam bem menos que homens), ainda ficaram conhecidas popularmente como Harém de Pickering.
Mulheres como Annie Jump Cannon, líder da equipe, que criou um método para catalogar estrelas – fez isso com 250 mil! – ou Henrietta Swan Leavitt, que descobriu a lei que os astrônomos ainda hoje usam pra medir o tamanho do Universo e Cecilia Payne, que precisou sair do Reino Unido para os Estados Unidos, onde não era proibido às mulheres estudar astronomia/astrofísica, e foi a primeira pessoa a mostrar que o Sol é composto principalmente de hidrogênio.
Esse episódio me fez pensar muito sobre como grandes mulheres são esquecidas pela História ou são tidas como menores. Quantas cientistas, matemáticas, astronautas, etc. não foram perdidas na linha do tempo do mundo por falta de oportunidades e estímulo? Ao mesmo tempo, quantas Annies, Cecilias, Henriettas e outras tantas, que apesar de todos os percalços, conseguiram seguir em frente e alcançar o que queriam, mas tiveram as realizações pouco ou nada difundidas e marcadas nos livros de História?!
Por que será?!
Mulheres como a astrofísica brasileira Thaisa Bergmann, que ouviu do pai: “mulher precisa escolher uma profissão em que dê para trabalhar só meio turno” , e ainda assim, seguiu adiante e fez uma grande contribuição à pesquisa sobre buracos-negros.
Recomendo muito a série (tem no Netflix!) e mais ainda esse episódio (dá para ver avulso sem problemas de compreensão). Cosmos é apresentada por Neil deGrasse Tyson, astrofísico da imagem acima, que já sambou na cara da sociedade quando perguntaram “qual o problema com mulheres e ciência?”. A resposta dele é ma-ra-vi-lho-sa e imperdível:
Por Larissa Brainer – texto e imagens originalmente publicados no blog da autora.
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