Mercado feminino de trabalho

É cada vez maior o número de mulheres no mercado de trabalho, mas o fato das mulheres ganharem maior participação, nem de longe resolve os problemas de desigualdade de gênero quando analisamos os cargos que ocupam e seus salários.

O relatório do Fórum Econômico Mundial diz que a igualdade salarial (não estão falando de equidade) somente será alcançada em 70 anos. Setenta!

Num ranking de igualdade salarial de 142 países, o Brasil ocupou o 124º lugar. Nas Américas nos resta apenas um país pior que nosso Brasil, o Chile. De resto, o Brasil é expert em desvalorizar o trabalho feminino, imaginando um ranking ao contrário, seríamos o 2º pior país das Américas para trabalhar e o 19º do mundo – desanimador.

A OIT (Organização Internacional do Trabalho) relatou que as mulheres brasileiras recebem 77% do salário dos homens para executar as mesmas funções, já a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) fala em 73,7%.

Esses dias assisti a entrevista da atriz Robin Wright, que interpreta a primeira dama na série House of Cards, ela contava sobre os argumentos que precisou utilizar para reivindicar o mesmo salário de Kevin Spacey, argumentou que sua personagem é tão protagonista quanto o personagem de Kevin, disse que ao pedir a equiparação salarial, buscou dados das pesquisas mostrando que sua personagem chegou a ser mais popular que o personagem masculino. Até aí tudo bem, mas o que surpreendeu foi ela dizer que as mulheres – em média – recebem 82% do salário dos homens. Não sei se este é um dado Hollywoodiano ou norte americano, mas eles estão uns 23 anos à nossa frente e ainda precisam falar em ter que envergonhar os homens por ganhar mais, por fazer o mesmo trabalho e ganhar mais.

Não me parece correto ter que envergonhar um homem por ganhar mais, ele deveria envergonhar-se sozinho. Seria mais justo e coerente se Kevin dissesse: ou pagam o mesmo para ela ou vão me pagar menos. Utopia sei disso.

O que não podemos negar é que este foi um caso clássico de mesmo cargo, diferente salário entre gêneros. Infelizmente a grande maioria das mulheres não tem o mesmo poder de barganha que Robin, na verdade, ela é uma exceção. É um desses casos que nos inspira, nos motiva, mas que sabemos estar muito longe de nossa realidade.

A nossa realidade é uma realidade de luta árdua, esperava que minha filha se servisse de um mercado de trabalho mais justo e igualitário, mas talvez apenas minha neta se sirva de minha luta. Espero que ela ocupe um cargo alto, que seja remunerada pelo seu trabalho e não pelo seu gênero e que principalmente não seja cobrada e nem se cobre por fazer a dupla jornada das mulheres: trabalhar e cuidar da casa.

Por Luana Flores
Imagem destacada: fcc.org.br
Artigo originalmente publicado em aempreendedora.com.br e compartilhado com a #CDMJ pela autora.

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