A poderosa ligação das mulheres e seus gatos

Atualmente existem três interesses pessoais que fazem meu coração palpitar: gatos, fotografia e feminismo. Essa busca incessante pelo respeito aos animais, às mulheres e aos profissionais de fotografia é o que me move e me inspira diariamente. Mas seria possível unir todas essas paixões em algo concreto? Fazer com que tudo isso possa ser projetado em uma criação gratificante? Poderia mostrar ao mundo meu ponto de vista e em contrapartida ajudar a melhorá-lo? Talvez.

No início deste ano conheci o trabalho da fotógrafa Brianne Wills e, junto com ele, o projeto Girls and their Cats, que apesar de recente já se mostra efetivo. Até agora, o trabalho foi realizado em Portland e New York e exibe inúmeras fotografias poderosas sobre a relação das mulheres com seus gatos. Mulheres essas que se mostram ativas nas mais diversas áreas do conhecimento, com estilos e personalidades contrastantes, mas com algo em comum: o amor fiel aos felinos.

Mulheres e seus gatos: também conhecidas como loucas dos gatos, solteironas, depressivas, antissociais, frias, entre outros termos. Apesar de não concordar com nenhum deles, não posso negar que existe este estereótipo firmado na sociedade. Bater de frente e tirar essa gente do sério ou bater na casa de algumas gateiras e tirar fotografias? A segunda opção me pareceu mais sensata.

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Baseada em um artigo da Forbes Woman denominado ‘Crazy Cat Lady’, escrito pela jornalista Kiri Blakeley, pude compreender que o preconceito acerca do assunto é real e assume grandes proporções. Felizmente, as mulheres acusadas pela adoção e cuidado aos bichanos (“Quem não arruma homem precisa se distrair com gatos”) encontram-se seguras, realizadas e felizes demais para serem afetadas pelas críticas alheais. Segundo a piadinha de Charlotte Reed, o preconceito inicial está na seguinte incógnita: se gatos são inteligentes e sabem onde a comida está, a mulher perde a função de alimentar e cuidar de todos a sua volta? É difícil para a sociedade aceitar que temos mais o que fazer da vida.

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Outro artigo interessante, escrito pela fotógrafa de casamento Jill Houser, intitulado ‘My Photos Of Me Slowly Becoming A Crazy Cat Lady’, mostra através de fotografias e legendas como ela foi perdendo os preconceitos que tinha sobre gatos antes mesmo de ter um gato. “Meu gato Cricket está comigo há quatro anos, dois Estados, oito apartamentos, cinco namorados horríveis e várias viagens juntos”.

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Com o tema bem definido, faltava ainda um suporte técnico que me auxiliasse neste trabalho, busquei o tema na Livraria Saraiva e concluí que nada havia sobre o assunto, resolvi buscar na Amazon e quase chorei com as dezenas de livros disponíveis que eu não tinha como adquirir a tempo. Ainda assim, consegui baixar dois livros com dicas variadas na área: Pet Photography 101: tips for taking better photos of your dog or catPet Photography: From Snapshots to Great Shots.

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Apesar de o livro não abordar fotografias de gatos com suas donas, mas de gatos especificamente, acredito que tenha sido útil para compreender um pouco de como lidar com os felinos na hora do ensaio. Uma vez que este seria feito com câmera analógica, era preciso ter o controle para que os bichanos acreditassem que quem estava no controle eram eles. O primeiro livro traz alguns conselhos simples sobre composição, luz e percepção. A primeira dica é óbvia (e bárbara): o maior erro de quem fotografa crianças, é fotografar como adulto. Não cogite cometer este erro aos fotografar animais, principalmente se for um gato. Você precisa entender como ele pensa.

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Ainda no mesmo livro, consegui extrair outros conselhos preciosos e alguns exemplos de composição. Preferencialmente, tente fotografar o gato sempre olho no olho, fazendo com que ele olhe para você consequentemente, para sua câmera) e passe toda a energia que possuí no olhar – a fotografia ganha em expressividade. Tentar enquadrar os bichanos de baixo pra cima, a fim de mostrá-los como os ‘heróis da fotografia’ também auxilia no contexto. Bem como, fotografá-los de costas em um momento reflexivo e pessoal, sem chamar sua atenção, pode ocasionar em uma foto espontânea, mas bem pensada.

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Outro ângulo que funciona, ainda mantendo a ideia do olho no olho, é fazer a fotografia de cima – ninguém precisa saber que seguramos catnip bem no alto para obter essa cena. Quando em ação, o melhor ângulo é tentar se abaixar bem na altura do animal, ver como ele está vendo. Ainda, tente fotografá-lo em ambientes conhecidos, onde ele costuma dormir, brincar, pegue-o num ambiente comum de uma perspectiva diferente. Andrew Darlow também acredita em janelas, na luz matinal e lembra: se ele estiver dormindo, por favor, não o acorde.

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No segundo livro, um pouco mais técnico, são abordadas outras questões óbvias, mas importantes: nunca use flash, use as lentes corretamente, seja muito paciente, conheça bem a personalidade do animal e saiba respeitar se ele não estiver quiser ser fotografado naquele dia. Sempre que der, mude sua perspectiva. Além disso, vá para o ensaio com um planejamento em mente, tenha algumas fotos como objetivo para que consiga desenvolver essas e talvez outras grandes fotografias.

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De acordo com Alan Hess, gatos não são tão fáceis de ser entendidos quanto cachorros, mas alguns sinais revelam se ele não está feliz com aquela situação: Ignorar petiscos e brinquedos, se esconder, se tornarem agressivos. Primeiro, converse com o dono para entender o comportamento normal do gato e tente fotografá-lo em um local confortável para evitar o stress.

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Assim, registrar essa poderosa ligação se torna de suma importância para que a sociedade amplie sua visão sobre estes relacionamentos, pois seus benefícios diários crescem constantemente, uma vez que, os felinos impulsionam mulheres a ultrapassarem barreiras e conquistarem seu espaço. Os motivos são óbvios: eles acreditam na doação recíproca, na liberdade de expressão e no respeito, ou seja, nos dão forças para lutar pela igualdade. O ensaio “Espaço” criado com base nesta teoria visa mostrar um pouco dessa poderosa relação.

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Fotos e texto: Bruna Rother.
(Post original. Conteúdo parcialmente reproduzido aqui com aval da Bruna!)

 

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