A medalha de Nory e o apagamento de Ângelo Assumpção

Eu, como espiritualista de muito, não acredito no acaso e tampouco nas coincidências.

Nas entrelinhas da medalha do Nory e do apagamento bem arquitetado de Ângelo Assumpção está um recado doloroso para o sentimentalismo incompreensível que tomou algumas lutas anti racismo nos últimos tempos.

Não vamos resolver uma violência com abraços pós pedidos de desculpas, como sugere um vídeo premiado em Cannes há 2 meses atrás.

Também não vamos resolver violência com uma “ativista” clone da Palmirinha dizendo para as pessoas brancas para que elas se coloquem no lugar das pessoas negras.

Infelizmente, inverter papéis em fotografia para edital de revista racista também não é o caminho.

Racistas estão em um ninho confortável e sólido, quase inatingíveis. Há revolta de alguns brancos também, claro. Mas o que fazem com essa revolta? O que propõem? Como lidam com essa realidade e porque se sentem tão seguros ao afirmar que também não são racistas?

O caminho é pressão incansável nas autoridades, para que a prática criminosa que qualifica o racismo seja tratada como tal.

E mais, que essa lei seja revista e ampliada, englobando todas as nuances e sutilezas que fazem com que esse crime seja tão sofisticado e digerível a ponto de confundir inclusive, outras pessoas negras.

Racismo mata. De várias formas, físicas e psicológicas.

Eu quero mais é ver racista na cadeia. Cumprindo pena. Porque racismo mata. De várias formas, físicas e psicológicas. Muitas pessoas negras são mortas por dentro, réplicas andantes de pessoas brancas que mataram sua história, suas raízes, sua afetividade e lhes ensinaram a odiar-se violentamente.

Racismo é um dos produtores de criminalidade mais eficientes que temos. Tem gente comendo e bebendo as custas do racismo, porque ele entre outras vantagens, dá lucro pra quem pratica nos mínimos detalhes.

Quero ver racista na cadeia, cumprindo pena, e não me importa nem um pouco ser chamada de extremista ou de radical, porque eu sou mesmo. Não tem abraço, não tem videozinho fofo, não tem fotinha.

É cadeia.

Daí, as coisas começam a tomar um novo rumo e quem sabe em 1 ou 2 séculos já teremos a limpeza concluída? Porque não dá mais pra assistir racistinha safado sair de galã medalhista herói da pátria branca.

Por Joice Berth
Imagem destacada: daqui

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