“O Predestinado” e opressão de gênero

Spoiler alert: somente leia este texto se você tiver assistido ao filme O Predestinado, com Ethan Hawke e Sarah Snook, e estiver interessado em explorar e entender melhor o enredo do filme.

O Predestinado é, sem dúvida, um dos filmes mais complicados que já assisti na vida. E olha que eu lia contos policiais desde pequena. Aos 12 anos, eu já tinha lido todas as histórias de Sherlock Holmes e muita coisa da Agatha Christie também. O filme O Predestinado não é um conto policial, claro. Mas tem uma trama intrincada. Lembra alguns dos grandes cults, como Matrix, Gattaca, Inception, mas é muito, muito mais complicado. Após ver, eu tive até pesadelos. Vou tentar fazer aqui uma explicação simples desse enredo para ser melhor entendido.

A linha do tempo na história desse filme começa, a grosso modo, em 1981, quando uma equipe deacientistas, provavelmente encabeçada pelo Dr. Robertson, criam uma máquina do tempo. Ainda não entendi o motivo das limitações dessa máquina, mas com ela somente é possível viajar no tempo por 53 anos antes ou depois da criação da própria máquina do tempo. Stephen Hawkins disse certa vez que, se havia a possibilidade de viajar no tempo, somente era possível voltar ao passado até o momento em que a máquina foi criada/funcionou pela primeira vez. Essa teoria explica, em parte, as limitações da máquina do filme.

Na teoria que vou passar a explicar aqui, eu trarei minhas próprias ideias a respeito do enredo. Imagino, portanto, que após a criação da máquina, ela foi vendida ou adquirida por uma agência governamental ou privada. Ou uma agência foi criada para manipular a máquina. Como tal, de qualquer forma, era necessário contratar pessoas para fazer as viagens no tempo. Pode ser que os primeiros viajantes tenha sido os próprios cientistas que a criaram, com consequências desastrosas, e a partir daí a agência passou a recrutar pessoas que pudesse estar em melhores condições físicas e psicológicas para aguentar uma ou várias viagens no tempo, um pouco como o que fizeram com os primeiros astronautas. Os recrutados provavelmente passavam por dezenas de testes para tentar garantir o mínimo de segurança, e se pôs ao trabalhar, mandando agentes a eventos específicos para missões como evitar grandes tragédias.

E assim como as primeiras tentativas de mandar foquetes ao espaço, houveram erros a serem cometidos. Para a trama ter alguma coerência, acredito que contrataram pessoas com altas capacidades intelectuais e físicas, que passassem em todo tipo de teste, para que pudessem aguentar bem as viagens no tempo, porque descobriu-se, bem depressa, eu imagino, que viajar no tempo tinha um custo emocional (e até mesmo físico) enorme. Os agentes ficavam cansados, nauseados, desorientados. Quanto mais viagens fizessem, mais estresse sobre os seus corpos e mentes ocorreria. E quanto mais longo o salto, pior. Por exemplo, saltar um ano para o futuro ou para o passado era menos penoso do que fazer um salto de dois anos para o futuro ou para o passado. A prova disso é que o agente John Doe, a personagem principal, precisa ficar internada no hospital após ter saltado por um período de 22 anos.

Agora, a história mais provável que encontrei sobre John Doe, baseada em especulações na net e tirando as minhas próprias conclusões, é esta. Em 1945, chegou a um orfanato um bebê de um mês de vida, que foi criado como uma menina chamada Jane Doe. Em inglês, Jane Doe é tipo como Maria da Silva. Esse bebê não possuía muito mais do que a si próprio. O registro dos seus pais biológicos perdeu-se no tempo. Talvez tenham morrido e ninguém sabe do seu paradeiro, e a única coisa que restou deles foi o bebê chamado Jane Doe.

Jane cresce neste orfanato e é uma excelente aluna, mas não consegue se encaixar no mundo. Sente que há algo errado/diferente com ela. Talvez por isso ela rejeite o papel feminino de casar/ter filhos e vá ter uma carreira promissora. Em 1981, ela é contratada pela Space Corps. Ou pode ter sido contratada bem antes, o filme não é específico nisso. Já que a viagem no tempo já é possível quando ela se tornar adulta, ela pode ter sido recrutada assim que se formou, ou alguns anos depois, já estabelecida.

De qualquer forma, a agência, em algum ponto, passará a enfrentar uma enorme dificuldade. As viagens no tempo têm um custo enorme sobre os agentes. Todos, sem exceção, podem acabar desenvolvendo, com o tempo, uma psicose severa que os torna assassinos cruéis e implacáveis. O problema é tão grande que não só a agência perde seus agentes para o crime, como também milhares de vidas são ceifadas pelas suas ações, obrigando novos agentes a fazer viagens extras para os eliminar e evitar novos desastres, e com isso criando mais criminosos, que adquirem a psicose devido ao número excessivo de viagens extras. A ruptura de tantas vidas também afeta o espaço tempo de forma desastrosa, já que essas vidas não teriam sido ceifadas se a máquina não tivesse sido inventada ou se os agentes não tivessem nunca usado a máquina.

A agência passa a ser ainda mais cuidadosa na seleção de agentes para viajar no tempo, e busca desesperadamente por algum tipo de pessoa, com algum tipo especial de característica, que possa resolver o problema da aquisição da psicose por viajar tantas vezes. Alguém que seja mais forte, ou mais esperto, eles não sabem o que. Após exaustivas pesquisas, os cientistas devem ter chegado à conclusão de que os melhores agentes, os que duravam mais viagens antes de adquirirem a psicose, eram aqueles com menos laços emocionais ao seu tempo, e especularam se estes poderiam estar imunes à doença. Começaram a testar com órfãos, pessoas que não tivessem grandes referências com outras pessoas, solteiros e sem filhos. Desconfiavam que esses laços emocionais todos podiam estar na própria raíz do problema. Os laços emocionais, o medo da morte e da solidão poderiam ser algumas das razões porque o desgate emocional e físico das viagens no tempo afetariam os agentes tão gravemente.

Um tipo especial de pessoa deve ter chamado a atenção da agência: quem nascia intersexo. E mais ainda, um tipo especial de intersexo: os que nasciam com úteros capazes de gestar, mas também com óvulos e esperma viável. Num mundo heteronormativo como o nosso, num sistema patriarcal onde a função da mulher foi relegada à procriação, eles podem ter especulado que não se encaixar em nenhum gênero dava a essas pessoas uma capacidade especial de aguentar a viagem no tempo por mais tempo. Então, provavelmente, passou a fazer parte do programa de recrutamento a busca por pessoas intersexo que fosse órfãs, solteiras e sem filhos, de preferência trabalhando de forma autônoma.

A certo ponto, acredito que a agência pensou que recrutando pessoas intersexo poderiam resolver completamente o problema da aquisição da psicose. Mas parece que não foi o caso. Mesmo as pessoas intersexo desenvolveriam a doença, mesmo que demorassem bem mais que pessoas com um único gênero. Então, em mais uma tentativa de estirpar a doença, a agência resolveu tentar mais um estratagema. Chamaram a agente Jane Doe e lhe pediram que aceitasse uma missão especial, que ela aceitou. A sua missão seria passar por uma cirurgia de redesignação sexual e se tornar um homem capaz de engravidar uma mulher. Depois, Jane, agora John, seria mandada para 1963, talvez antes de se formar, talvez antes de saber que era intersexo ou antes de ser recrutada pela Space Corps. O objetivo era evitar que Jane, nessa segunda trajetória, fosse recrutada, e garantir que fosse inseminada com o próprio esperma para engravidar. Pode ser que nessa segunda trajetória a Jane consentisse em inseminação, mas como era 1963, talvez a técnica não estivesse ainda aperfeiçoada.

Então a Jane da primeira trajetória foi para 1963, agora como John Doe, encontrou a si própria, vivendo agora numa realidade alternativa, numa segunda trajetória, já que na primeira trajetória Jane não encontrou a si própria como John. Jane e John têm relações sexuais e a Jane da trajetória que encontra com John Doe engravida. Pode também ter sido uma experiência de tentativa e erro, e John tenha voltado várias vezes ao seu próprio passado, em diversas ocasiões, até conseguir conceber um bebê com a Jane da trajetória que encontra o John Doe. Também o bebê nascido dali pode ter vindo ao mundo com um único gênero, o que poderia forçar John a escolher novas datas para voltar ao seu passado até conseguir gerar um bebê intersexo. Quando a fórmula finalmente deu certo – ou seja, John voltou ao seu passado, engravidou a si próprio quando ainda era Jane, e o bebê atendia às míninas condições exigidas (ter um útero capaz de gestar e possuir óvulos e esperma viáveis) – algo terrível aconteceu. A fórmula que deu mais certo não era, ainda assim, a fórmula perfeita, porque a agência teria ainda de evitar viagens no tempo desnecessárias. Assim que conseguisse ao menos as condições mínimas, eram com elas que teriam de trabalhar. Não dava para esperar pelas condições perfeitas porque isso exigiria de John Doe muitas viagens no tempo.

Segundo o filme, Jane é abandonada por John (aqui, especulo que seria o John original) e se descobre grávida. Ela já tinha sido recusada anteriormente pela Space Corps por uma condição médica que não lhe revelaram, então tudo isso mexeu muito com ela. Ela não tem mais nada, e ainda estamos em 1963, quando os direitos reprodutivos das mulheres foram sequestrados da maneira que vemos hoje. Até os anos 60, a maioria das mulheres paria em casa com parteiras. Mas as parteiras não eram só mulheres que ajudavam gestantes a receberem seus bebês. Elas também sabiam muito bem como terminar uma gestação indesejada. Mas isso foi negado a Jane, talvez ela foi engravidada nessa época justamente para ter menos chances de abortar. A título de curiosidade, foi também nessa época que as parteiras, assim como as mulheres que sabiam curar com ervas no passado, foram demonizadas, e o parto foi medicalizado, sendo as mulheres retiradas do conforto de suas casa para serem forçadas a parir em hospitais, “pela sua segurança”.

Portanto, Jane tem a criança. Mas quando entra em trabalho de parto, surgem diversas complicações – embora possamos especular aqui que não houve complicações, e que as complicações foram inventadas pela agência para justificar a cesárea, que permitiria a histerectomia. Os médicos dizem para Jane que para salvar a sua vida e a do bebê, ela precisa passar por uma cesárea. Quando os médicos a abrem, descobrem os seus órgãos sexuais masculinos. Acredito, aqui, que não foi exatamente uma decisão médica para salvar a sua vida, mas um pedido ou ordem da agência Space Corps que Jane seja esterilizada com a remoção de seu útero e ovários. Após a cesárea, os médicos lhe contam que ela era intersexo e que, para evitar riscos futuros, fizeram a histerectomia para evitar que ela engravidasse novamente e corresse os riscos que tinha corrido nessa gestação.

A remoção desses órgãos femininos não afeta Jane da maneira que a agência quer, no entanto. Então, um mês após essa cesárea, o John Doe original vai a 1964 e rouba a bebê. Poderia ter sido o bebê também, acredito. Bastava ser intersexo e ter capacidade tanto de produzir esperma e óvulos. Mas ter um útero capaz de gestar facilitava a autofertilização, porque o próprio indivíduo seria capaz de gestar um bebê concebido com óvulos e esperma que ele próprio era capaz de produzir. Aqui, especulo que esse bebê foi, por sua vez, levado ao orfanato onde a Jane original cresceu, prevenindo que a Jane original seja acolhida no orfanato também. Agora, quem crescerá orfã não será uma pessoa intereexo que tinha um pai e uma mãe que não sabemos quem é. A criança intersexo que crescerá como Jane Doe será filha da Jane Doe, fertilizada por John Doe, que é quem a Jane original se tornou após mudar de sexo (especulo que de forma voluntária para poder aceitar a missão de se engravidar). Será uma criança intersexo, autofertilizada com um óvulo e esperma que possui o mesmo DNA, já que são produzidos por ela própria.

Com mais esse terrível percalço na vida, o da perda da filha, Jane está provavelmente desesperada, sem propósito. Ela talvez fale com psicólogos da tristeza de perder sua filha e nunca mais a encontrar, de não ter sido aceita na agência, do homem que a abandonou e da perda da capacidade de concepção que poderia a ajudar a reconstruir a sua vida de alguma forma. É então que ela é informada que, apesar de ela não ser mais capaz de gestar uma criança, ela ainda possui a chance de gerar uma vida como o próprio esperma. Isso deve tê-la animado de alguma forma, e então ela decide fazer a cirurgia de redesignação sexual, que provavelmente está sendo custeada pela própria agência. A Jane da trajetória que engravida, então, se torna John também, e passa a escrever artigos confessionais, sob o pseudômino de “Unmarried Mother”, contando a sua história, o que o torna um candidato ainda mais livre de amarras emocionais do que o John original, já que este, pelo menos, teve provavelmente uma grande carreira como Jane e antes de virar John para se autofertilizar. A agência deve ter pensado que, apesar de a Jane original ser órfã, solteira e sem filhos, ela era brilhante e a agência a aceitou na época pelas suas conquistas profissionais. Tirar esse laço emocional dela poderia ser uma tentativa de criar um indivídu0 totalmente atemporal para resolver o problema da aquisição da doença mental que, até ali, podemos especular que havia atingido todos os agentes.

Enquanto isso, o John Doe original continua seu trabalho como agente. Um de suas missões será tentar desmontar uma bomba que matou centenas de pessoas em 1975 em Nova Iorque, um evento que ficou conhecido como o ataque do Fizzle Bomber. Acontece que o John original falha, a bomba explode de qualquer maneira, matando centenas de pessoas, e de quebra ferindo John gravemente. Aqui, o filme mostra que o John da trajetória que gerou um bebê intersexo concebido com a fertilização de seu próprio óvulo com seu próprio esperma encontra o John original nesse estado, porque o John que gerou um bebê vive no submundo. O John escritor salva o John original, mas não o reconhece, porque as queimaduras graves o tornam irreconhecível. O John original é, então, resgatado pela agência e se recupera, embora tenha de passar por uma reconstrução completa do seu rosto. O 1º John, agora, não só é um homem completo, mas também uma pessoa completamente diferente da criança intersexo com aparência feminina que foi deixada em um orfanato em 1945.

Após essa transformação facial, o John original recebe uma nova missão: a de finalmente recrutar o John que teve um bebê intersexo. O John original é mandado para o passado novamente para ser barman num bar que o John que teve um bebê e agora escreve histórias confessionais frequenta, ou frequentará. Uma noite, eles se encontram novamente e fazem uma aposta: o John original dará uma garrafa de bebida ao John escritor se o John escritor lhe contar uma história que seja realmente boa. O John escritor conta a sua história, e o John original diz que ele merece a garrafa de bebida. Então, os dois vão à cave, como o filme mostra, e o John original instiga o John escritor a se vingar do homem que arruinou a sua vida. A máquina do tempo é mostrada, e os dois firmam um novo acordo: o John original dará ao John escritor a oportunidade de matar o homem que arruinou a sua vida, engravidando-o e depois o abandonando, e em troca o John escritor passará a exercer o trabalho do John original, que pretende se aposentar.

Os dois voltam a 1963, e enquanto o John escritor espera pelo homem que o abandonou quando ele ainda era Jane, o John original retorna ao futuro, ao bar onde ele trabalhava como barman. Em 1963, em vez de encontrar o homem que o engravidou, o John escritor acaba encontrando a Jane Doe, que na verdade agora é sua própria filha, provavelmente a pessoa intersexo que foi gerada pelo ato sexual praticado entre o John original e a Jane original – que agora é, na verdade, o John que escreve histórias confessionais. O John escritor e sua filha se apaixonam, têm relações sexuais e a Jane concebida por autofertilização engravida de uma criança intersexo, completando o loop após ser abandonada pelo amante, passar pela cesárea e perder a filha.

No futuro, o John que é barman – o John original – é atacado por alguém que ele não reconhece a princípio, mas que acaba gravemente ferido e desfigurado após uma explosão. Acredito que o John original acaba se reconhecendo no homem ferido, pois ele o manda a uma viagem no tempo para que seja tratado. O homem ferido é o próprio John original, mais velho e já transformado após a reconstrução facial. Após enviá-lo, provavelmente, para o futuro, ele encontra um pedaço do artefato que compunha a bomba que ele tentou desarmar e que o desfigurou em 1975. Ele entrega esse pedaço à agência, e o Dr. Robertson o manda em uma missão final como condição para que ele deixe o serviço e se aposente. O John original então volta ao passado (como mostra o filme), vai para um apartamento onde há uma gravação dele próprio com instruções. Ele finalmente retorna a 1963, em uma noite onde o John escritor e a sua filha Jane estão passeando juntos como um casal. Ela provavelmente já está grávida, embora ainda não saiba. O John escritor avista o John original e vai ter com ele. O John original comunica ao John escritor que ele precisa abandonar sua amante Jane. Ele reluta, porque a ama, mas aceita, e assume o seu cargo como agente temporal.

No presente, que não é muito específico no filme, o John original vai para casa com um equipamento de viagem no tempo que irá mostrar a ele uma mensagem dizendo que ele foi finalmente desligado da agência. Ele aciona o aparelho, mas em vez da mensagem de desligamento, aparece uma mensagem de erro, e o John original recebe uma nova missão. A agência analisou o pedaço de bomba que o John original entregou a eles e agora têm uma nova pista do bombista conhecido como Fizzle Bomber. A missão é eliminar o bombista antes dele construir a bomba que o John original não foi capaz de desarmar. Então o John original é mandado para uma lavanderia onde o bombista estará, e sua missão é detê-lo.

O John original é mandado para a tal época, provavelmente bem próxima a 1975, e confronta o Fizzler Bomber. Para o seu horror, o Fizzle Bomber é ele próprio. É o John original que não teve filhos na sua primeira trajetória, antes de viajar no tempo e engravidar a si próprio, e que tentou desarmar uma bomba, ferindo-se gravemente no ato, precisando posteriormente de reconstrução facial. Não é o John que teve uma filha em 1964, o John escritor. O Fizzle Bomber diz ao John original que ele só romperá o ciclo se o deixar viver. Mas o John original o mata. Para a agência, este é um dos melhores resultados até agora, pois apesar de saber que a autofertilização não resolveu o problema da psicose, ou seja, a Jane gerada pela Jane original também apanhou a doença no fim e se tornou um assassino, ainda assim Jane conseguiu salvar milhares de vidas que outros agentes (provavelmente foi obras deles) tiraram, que era um problema que a agência precisava resolver, já que a própria agência criou o problema ao mandar agentes despreparados para o campo, arriscando vidas inocentes.

No entanto, com essa experiência, a agência consegue dois grandes feitos: a criação de uma pessoa sem ancestralidade que sabe que ela própria é um perigo e que, após consumar o seu novo destino de forma predestinada, essa pessoa consegue se criar, se recrutar, se formar para o trabalho em questão e também se eliminar após deixar de ser um membro útil da sociedade e um agente protetor, e se tornar um assassino cruel, evitando assim também as mortes provocadas por ele próprio como o Fizzle Bomber. Ele se torna o seu próprio criador e também o seu próprio assassino.

Quanto à opressão de gênero… bem, eu especulo aqui que ser intersexo, ou seja, não “pertencer” a um único gênero, libertaria o indivíduo das amarras impostas pelos esteriótipos de gênero, permitindo uma sobrevida maior. É quase um jogo de Karplunk, o jogo do médico. Você tira o que pode do paciente, rins, fígado, baço, e reza para ele não morrer. No caso do filme, a ausência de uma definição de sexo seria libertadora. Faz pensar.

Por Andreia Nobre
Imagem destacada via Nerd e Geek

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