Cultura do estupro

Quando falamos da “cultura do estupro” estamos falando na legitimação dos usos, abusos e objetificação dos corpos femininos.

As representações do abuso estão em toda parte e são glamurizadas e naturalizadas na mídia e na cultura. Como na propaganda da grife de luxo Dolce & Gabbana da imagem destacada, a cultura do desrespeito às mulheres está nas propagandas de cerveja, de carro, nas novelas, nos filmes, nas letras de música populares, enfim, está espalhada em toda cultura.

Todos nós – homens e mulheres – crescemos e somos socializados dentro dessa cultura machista e patriarcal que nos ensina que existem “mulheres honestas e de respeito, para casar” e outras que “não se dão o respeito”, portanto, não merecem consideração, merecem ter seus corpos violados. Libertar-se dessa cultura exige esforço, autoaprimoramento.

Precisamos do investimento do Estado em programas específicos de educação para mudar essa triste realidade.

Só conseguiremos acabar com isso ensinando nossas crianças o respeito aos corpos alheios, ensinando que devem exigir o respeito a seus corpos, ensinando-as a denunciar os abusos.

Para isso, precisamos falar de igualdade de gênero nas escolas, precisamos falar sobre igualdade de direitos e deveres nos relacionamentos, precisamos discutir a a violência contra as mulheres. Acabar com a cultura do estupro exige educação, exige reflexão, exige o comprometimento social.

O dia em que cada um de nós ficar indignado com esta propaganda da Dolce & Gabbana – a ponto de repudiar e boicotar seus produtos – estaremos no caminho da mudança da sociedade

Por Elisabete Regina de Oliveira

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