Puta, me ama

Se for humano não voa.
Se não é branco não ascende.
Se for criança mente, se é puta não ama.
Uma mulher que enfrenta normas
Não se conforma com regalias e bibelôs
Reconhece seus direitos para onde for
Será condenada a não amar.
O seu espírito humano será julgado como anjo caído.
Uma mulher de honra não tem desejos
Apenas um corpo para ser servido.
Uma mulher de muito amor
Que espalha, vomita, se embriaga
Não passa de vagabunda.
E as vagabundas não tem alma.
As vadias de peitos despudorados
De blusas decotadas, de fendas nas saias
Sentam arregaçadas, dançam descalças
Dormem e transam de asas abertas!
Elas são as Hetairas, Genis e noras
Nenhuma delas são para ti
Não passam de madonas vagabas!
Homens possuem uma moral inatingível
Inalcançável, intransponível, impenetrável, pois
Os únicos permeáveis na pele e corpo são as mulheres.
Homens espalham genes por todos os cantos e lugares
Mas as putas ao contrário das santas familiares
Se abortam são desumanas, se os geram irresponsáveis.
Se os homens possuem haréns
Coleção de mulheres como éguas e gazelas
Pelo amor virginal são curados
Se uma puta se apaixona e larga de toda a vida
Ela não pode… É doente, uma viciada.
Putas são cadelas vira-latas
As trepadeiras dos becos escuros
Das noites vulgares, gestos extravagantes
São falantes sem parar, não tem limites!
As vadias já tem olhos fundos
Pernas desgarradas acenam cansadas
Porque podem amar a volúpia e a lascívia
Mas são putas por justiça
Estas mesmas que dizem não valer nada
São loucas porque amam demais.
Porque dão demais.

 

Por Glenda Varotto
Imagem

Comments

Comentários