E deus criou a mulher…
Madame Bardot era obcecada. Ou excêntrica, como preferir. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, mas do ângulo que observo, as duas são similares.
Eu adoro a Brigitte Bardot. Ela ia ao extremo em tudo. Esses extremos a levaram a três tentativas de suicídio, desde a adolescência até o auge de seu sucesso no cinema.
Mas não é esse extremo que me encanta. O que me encanta é que o entendo. Bardot: este mundo é mesmo uma selva e um fardo pesado de se carregar.
Brigitte fez um filme que se chama Et Dieu…créa la femme. Para a época (1956) foi um ESCÂNDALO. Quem viu o filme entende porque. Não sou daqueles que pagam um pau tremendo para o cinema europeu, apesar de gostar bastante. Mas os franceses sabem inovar e ficaram assim anos na frente da América…e isso em todos os quesitos, não só porque a meio século atrás as mocinhas já arrancavam as roupas.
Como se, desnuda, já não houvesse escandalizado o mundo suficientemente, Brigitte se apaixonou pelo ator com quem contracenava. Largou do marido. Só que Brigitte, apenas humana, distraiu-se no meio do caminho e apaixonou-se por outro. Casou. Separou. Casou de novo. E já depois de muitas tentativas, apaixonou-se novamente.
E então saiu de cena, porque a beleza da juventude se foi, e este é sempre um preço alto a pagar – especialmente quando acontece sob o julgamento de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Por que Brigitte me encanta?
Olhando pelo prisma errado pode-se pensar que ela passou a vida procurando amor. Eu nunca vi sua vida desta forma. Brigitte Bardot viveu apaixonada… pela tentativa de insistir em viver. Ela recomeçou e tentou e então recomeçou novamente. Até que saiu de cena e afastou-se do mundo para seu último papel defendendo os animais até o EXTREMO.
Ela viveu tanto que teve que sobreviver a essa vida intensa. Adoro biografias de personalidades que me interessam, mas não foi lendo a dela que sua vida me chamou atenção, mas sim a de Roger Vadim, que escreveu sobre Bardot, Deneuve e Fonda, suas três jovens esposas.
Bardot é tão intensa que, não intencionalmente, eclipsa as outras. Intensa na tentativa de ser feliz. E de conseguir sobreviver a essas tentativas. Ela foi mais glamourosa, mais crème de la crème que dois terços das pessoas que já botaram os pés no mundo, e a sua existência foi bem pouco glamourosa.
Bardot preocupou-se mais em construir um caminho, mesmo não sabendo se conseguiria ser ser boa atriz, mãe, pessoa ou cidadã.
Provavelmente o maior legado que ela poderia nos deixar foi: não perca tempo sendo diva, fazendo pose, preocupada com o papel que a sociedade espera que você vá fazer. Tente, independente do que o mundo possa pensar.
E se tudo ruir, faça uma nova tentativa.
Fracassar é não tentar.
Por Teresa Almeida
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