Meu corpo

O poema “Meu Corpo” faz parte do zine feminista Sem Grilo lançado em outubro do ano passado e de autoria da advogada e estudante de Filosofia e Direitos Humanos Bruna Paludo e da artista visual Daniele Stuani.

A proposta surgiu de uma discussão a respeito do tabu da masturbação e o quanto a ignorância e a falta da autoconsciência corporal prejudicam especialmente as mulheres estando diretamente ligado aos problemas psicológicos e físicos relacionados ao bloqueio sexual e à autoestima.

A nudez não está necessariamente relacionada a uma perspectiva erótica. O feminismo possibilita uma consciência sobre o corpo da mulher distinta da visão tradicional, despindo o corpo do olhar puramente erótico.

O corpo da mulher, ora limitado pela poder religioso dominante, ora vendido como produto desumanizado, precisa ser pensado sobre uma nova perspectiva, mais humana, artística e política. O corpo nu, culturalmente culpabilizado, precisa voltar a ser incorporado à naturalidade dos eventos que envolvem os seres humanos.

Como já citado, originalmente publicado em um zine feminista, o poema, agora em audiovisual tem a possibilidade de ser amplificado em um novo formato que não unicamente o escrito, o que tornou o conceito acessível a novas possibilidades.

A nano-metragem (categoria de filmes até 45 segundos) conta com a produção e direção de Dhara Luna e Augusto Pereira da Marinero Filmes e tem atuação da própria autora do poema Bruna Paludo.

Com isso, no resultado artístico pautou-se contribuir para subverter os paradigmas patriarcais e gerar questionamentos ao padrão vigente em respeito a nudez e outros pontos que diariamente são combatidos com a luta feminista.

Assista:

O meu corpo
esse universo enigmático
profundo
às vezes escuro estrelado
às vezes iluminado
mistério dos mistérios
que aos poucos vou descobrindo
morada do meu ser
muito mais profundo
do que a superfície faz parecer
há um universo dentro de mim
em constante mutação
eu vou sondá-lo, saudá-lo, admirá-lo,
sem medo, sem opressão,
sem culpa, sem vergonha.

Dhara Ferraz – Cineasta
Guto Pereira – Historiador e Cineasta
Bruna Paludo – Advogada, estudante de Filosofia e Direitos Humanos, autora do poema
Jacqueline Ahlert – Profª Doutora em História Iberoamericana, narradora do filme

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